27/09/2011

Por onde andamos...

Relato da visita à Comunidade do Buieié, em Viçosa, Minas Gerais:


No dia 23 de junho, às três horas da tarde, Luis Carlos Vitor e Adna Acácio partiam por uma estrada de terra com várias encruzilhadas e nenhuma sinalização. Tinham, como rumo, o quilombo do Buieié, localizado a 12 km do centro da cidade de Viçosa. Como objetivo, representar a Casa de Referência e Pesquisa da Cultura Afrobrasileira, e a Associação de Capoeira Guerreiros de Zumbi, numa visita que procurou conhecer quem são e como vivem os moradores de uma comunidade quilombola que, apesar de todos os pesares, ainda resiste.



De acordo com o Decreto nº 4.887/2003, os quilombos são "terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural."

Recebidos por Dona Cidinha, presidente da comunidade, Luis Carlos e Adna Acacio foram conhecendo o dia-a-dia dos moradores do Buieié. Lá moram, aproximadamente, 270 famílias, entre crianças, jovens e adultos. Na maioria das casas ainda não existe luz e rede de esgoto. Para sobreviver, as mulheres trabalham para fazendeiros e agricultores nas colheitas de café e feijão, ou na cidade, como empregadas domésticas, diaristas ou faxineiras. Para os homens, trabalho na fazenda também. Na cidade, eles são serventes de pedreiro, repositores de mercadoria em supermercados, entre outros cargos.
A comunidade é assistida por uma médica pediatra, uma vez por mês. Para outros atendimentos com outros médicos, os moradores da comunidade precisam se deslocar para o Posto de Saúde no distante bairro Novo Silvestre
O acesso à educação também é ainda muito difícil. Para chegar até uma escola municipal de Ensino Fundamental, os alunos usam o ônibus da Prefeitura que, em épocas de chuva, nem sempre chega. Porém, apesar de toda a dificuldade, três alunos conseguiram se formar em Economia Doméstica e Direito.


Persiste o trabalho, entre as próprias pessoas da comunidade, de resgate da cultura quilombola, na confecção das tranças africanas e culinárias típicas. Em outros tempos, o Buieié contava com parteiras e rezadeiras de quebrante.


Luis Carlos e Adna sentiram forte a falta de ações políticas voltadas para o povo do Buieié. É uma região carente de diversos setores - saúde, educação, cultura, esporte, lazer... Mas o que preocupa, mesmo, é ser um povo carente de si mesmo. Que se construam ali trabalhos sérios de resgate da história e da cultura afrobrasileira, da riqueza toda que aqueles moradores possuem, simplesmente por ali morarem e serem. O povo do Buieié é dos mais ricos e belos. Que eles saibam disso. 


  



Um comentário:

  1. boa noite andrea foi muito bom está no evento do mestre garnizer e manter o contato com vocÊ ABRAÇO PROF. LULA

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