23/09/2011

Questão Afro no Brasil: A Caixa Econômica embranquece Machado de Assis

Nascido no Morro do Livramento no Rio de Janeiro, em 1839. Filho de Francisco José de Assis, um mulato que pintava paredes, e Maria Leopoldina da Câmara Machado, lavadeira açoriana. Machado de Assis, o bruxo das palavras, é tido hoje como um dos maiores escritores da Língua Portuguesa - e sim, era de sangue afrodescendente. 



A propaganda acima veicula um Machado branco. É da Caixa Econômica Federal, em Campanha pelos seus 150 anos. Um erro lamentável que foi denunciado por várias pessoas, para a Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, órgão de Seppir - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.


Prontamente, foram encaminhados pela Seppir pedidos de providências para a Presidência e Ouvidoria da Caixa Econômica Federal, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) e o Ministério Público Federal.



Em carta encaminhada à Seppir, a Caixa Econômica se desculpa pelo erro da propaganda: 



"...a CAIXA pede desculpas por sua última peça publicitária comemorativa aos 150 anos do banco, que teve como personagem o escritor Machado de Assis. 
A CAIXA lamenta que a peça não tenha caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com sua origem racial."




Dizem que Machado, no século XIX, escondeu ao máximo as suas origens, temendo que se assumir, como o mulato nascido pobre que era, significasse perder a credibilidade por seus escritos, que não tinham cor.
Hoje, no século XXI, ainda vemos a dificuldade de se veicular a "mulatez" do maior escritor brasileiro

Junto com Machado, outros nomes de afrodescendentes escritores podem ser citados: Castro Alves, poeta da luta pelo fim da escravidão, João do Rio, escritor boêmio amante das ruas cariocas, Cruz e Souza, apelidado de Dante Negro do Brasil... Nomes que contam a História do Brasil através da literatura. Nomes de uma cor pela  História inferiorizada e, filhos dessa cor, nomes dos que escreveram nas suas palavras o grito de uma luta que parece não ter fim.

Não deixemos que embranqueçam nossos escritores. Machado de Assis é mulato, de cor e palavra fortes. É orgulho do Brasil por sua luta e seu trabalho. Não embranqueçam Machado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário